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“Outrora, nos dias de trovoada, as criadas de minha casa, gritavam por São Jerónimo, ao fuzilar de cada relâmpago. Aqueles gritos desenhavam-me a figura do Santo, num instantâneo clarão vermelho, em fundo negro de ribombo cavernoso. Essa figura lívida ficou-me, na memória, com uma nuvem que pairou, sinistra e cor de bronze, nos fraguedos do Marão; a serra das trovoadas e de São Jerónimo e de outros santos e santas da tempestade. Já decorreram mais de cinquenta anos, um número que, acrescentado de dois zeros, atiraria comigo para lá dos reis da babilónia e dos Faraós do Egipto. Viajo através do tempo.” (Teixeira de Pascoaes – S. Jerónimo e a Trovoada)
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